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sábado, 26 de fevereiro de 2011

Lembranças de Tropeiro (rasqueado)

I
Ponteiro, toque o berrante,
Vamos tocando a boiada.
E quando a noite chegar,
Estamos em outra pousada.
O carreteiro está pronto,
A guampa cheia de canha.
Pra fazer aperitivo,
Tem charque com pouca banha.

II
Tropeando a vida inteira,
Hoje me sinto cansado.
Tocando tropas de mulas,
Tocanto tropas de gado.
As tropas saiam de Viamão,
E seguiam para Sorocoba.
Hoje só me resta saudade,
Daquela companheirada.

III
As vezes fico sentado,
Pitando o meu cigarro.
Lembrando daqueles tempos,
No lombo do meu cavalo.
Eu tinha um pingo tostado,
Que era meu companheiro.
E para tirar boi do mato,
Eu tinha um cusco campeiro.

IV
Hoje só me resta saudade,
Já não se tropeia mais.
Daqueles tempos bonitos,
De muitos anos atrás.
As tropas vinham do Sul,
Iam pelos Campos Gerais.
Hoje só restam lembranças,
Tropas, já não existem mais.

Jandir Bianco, 02/02/2001.

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Voz do Vento

I
Moro no meio da serra,
Num ranchinho beira chão.
Lá não tem fogão a gás,
Uma trempe é o meu fogão.
E para clarear o rancho à noite,
Eu coloco fogo no lampião.

II
Acordo de madrugada,
Pra tomar meu chimarrão.
Quando o dia vem raiando,
Vou tratando a criação.
Ouço os pássaros contando,
Pra alegrar meu coração.

III
Trabalho a semana inteira,
Disposto em com alegria.
Sábado à tarde me preparo,
Pois está sobrando energia.
Vou ter que achar um fandango,
Pra dançar até clarear o dia.

IV
Antes de sair de casa,
Firme no meu pensamento.
Vou lá fora dar uma olhada,
De que lado vem o vento.
E no silêncio da noite,
Ouço o som dos instrumentos.

Jandir Bianco, 04/06/2001.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

Nosso Faxinal Grande

I
Eu vou contar para vocês,
Por que hoje estou contente.
comendo carne e bebendo,
Com amigos e parentes.
Vamos tocar e cantar,
Para alegrar este ambiente.
Para se misturar conosco,
Tem que ser muito boa gente.

II
O ano está terminando,
Está chegando o Natal.
Trabalhamos o ano inteiro,
Agora chegou o final.
Estamos comemorando,
Isto é um bom sinal.
Por isso é que nós viemos,
Pro querido Faxinal.

III
Estamos todos reunidos,
Na casa do meu cunhado.
Para confraternizar os BIANCOS,
E os que estão misturados.
As sobrinhas e os sobrinhos,
As cunhadas e os cunhados.
Os irmãos e as irmãs,
Os compadres e os afilhados.

IV
Eu quero agradecer,
Por nos terem convidado.
Este encontro de famílias,
Por Deus foi abençoado.
Devemos comemorar,
Pois, este dia ficou marcado.
Ao Jõao Pedro e a Terezinha,
Vou dizer Muito Obrigado!

Jandir Bianco, 22/12/2000

sábado, 5 de fevereiro de 2011

Sobre os Trilhos

I
Lembrando uma bela história,
De tudo que vem e passa.
Aí passava uma conhecida,
Tal de Maria Fumaça.
Lá adiante havia uma guarita,
Como quem vai pra praça.
Era ali que o guarda-chaves,
Ficava meio sem graça.

II
Os trens vinham de São Paulo,
Daquelas bandas de lá.
Durante a viagem passavam,
Pelo Norte do Paraná.
Passando por Ponta-Grossa,
Depois por Caracará.
Em Palmeira, muitos namorados,
Aguardavam o trem chegar.

III
Na viagem o guarda-freio,
Vai cuidar da segurança.
O foguista pondo lenha,
A Maria Fumaça avança.
Nos cruzamentos, um apito
É fogo na vizinhança,
Pois, ela jogava brasas
Muitos metros de distância.

IV
A turma da habitação,
Onde morava o turmeiro,
Que trabalhava na linha
Junto aos outros companheiros,
O Feitor comandava todos,
Mestre de linha era o mensageiro.
Ainda tinha o guarda-fios,
Que fazia conserto ligeiro.

V
Vestindo terno e gravata,
O agente sempre impecável.
Na cobertura um boné vermelho,
Era figura invejável.
O telegrafista era auxiliar,
Fazendo a comunicação.
Recebia e trasmitia mensagens,
Também tirava plantão.

VI
O trem seguindo o carril
E o maquinista imponente,
Cada passagem de nível,
Aquele apito estridente.
Para, olhe, escute e passe,
A placa avisando a gente.
Ainda tem os distraídos,
Que cometem acidentes.

VII
A viagem mais importante,
Era ir até Paranaguá.
Passava por Curitiba,
Descia a serra do mar.
Passando por pontes, túneis e viadutos.
Da saudade ao lembrar.
Tudo vem e tudo passa,
Mas, que não devia passar.

Jandir Bianco