Olha moço, que horas já são?
Vamos à estação, pra ver o trem passar.
Tive um sonho que ainda me palpita,
Que a moça bonita hoje vai chegar.
Isso é coisa do passado
O trem vinha lotado de gente do norte,
Tinha uns que eram bem vestidos,
Outros, desnutridos procurando a sorte.
II
O agente vai entregar o PODE,
E o SINO sacode para o trem partir.
O maquinista apita e acelera,
Só, daí, a galera começa a sair.
A estação ficava vazia,
Assim que o trem saía, não ficava ninguém.
No outro dia a mesma correria,
Só pra ver chegar novamente o trem.
III
Na estação era aquele alvoroço,
Desde á hora do almoço pra ver o trem passar.
O telegrafista até fazia charme,
Pra dar o alarme que o trem ia atrasar.
Aquele povo vinha aborrecido,
Até a meu amigo, perguntei, o que foi?
Ele disse: Não vimos ninguém,
Pois, só tinha um trem cheinho de boi.
IV
O trem vai andando, vai se balançando,
Fazendo ginga igual cobra no chão.
Ele vai indo pra Nova Restinga,
Após a turma trinta vem o Boqueirão.
E, assim a viagem termina.
Lá no fim da linha, que não sei aonde é.
Se algum dia aquele trem voltar,
Eu estarei lá se meu Deus quiser.
Jandir Bianco